De que o terceiro governo de Lula teria desafios maiores do que os anteriores, isso nós já sabíamos, só não sabíamos quais. Já entrando no nono mês do seu atual mandato, convenço-me de que Lula é realmente um homem abençoado por Deus.
No plano político, o habilidoso Lula consegue obter sucesso na missão de dialogar com o Centrão e – ‘pisando em ovos’ - aprovar suas pautas. A aprovação do arcabouço fiscal é o primeiro passo para que em breve futuro tenha o governo condições de guiar a economia por caminhos seguros, enquanto paralelamente, no Banco Central um bolsonarista faz um enfrentamento econômico na tentativa de desmantelar o projeto democrático e popular.
Como se percebe, não tem sido fácil este primeiro ano do governo Lula 3.
Aliada à sorte e à inegável habilidade pessoal do presidente, o atual governo deveria contar também com uma eficaz política de comunicação. Porém, ao que parece, não acontece.
A comunicação do Lula 3 vem sendo, na verdade, um obstáculo a somar-se aos demais.
A Secom estende o tapete vermelho para a Rede Globo, e a toda poderosa ataca todos os dias o programa implantado pelo governo, como a cumprir promessa de campanha ante seus vínculos históricos com a direita conservadora. O processo histórico de enfrentamento ao neofascismo que culminou com a terceira eleição de Lula só foi possível graças ao papel decisivo das chamadas mídias progressistas.
A estas vem sendo oferecido um solene esquecimento, para não dizer ‘abandono’. Com raríssimas exceções, situadas no Sudeste do país, as mídias progressistas têm sido invisíveis à Secom e ao seu ministro Paulo Pimenta, que parece desenvolver uma espécie de ‘alergia’ ao Nordeste, região responsável por ‘lacrar’ a vitória do presidente Lula, o nordestino.
Daqui, praticamente a totalidade dos veículos de mídia progressistas não são contemplados pelas campanhas institucionais do governo federal.
Pergunta-se: Qual o papel da Secom? Fazer o que sempre foi feito? Injetar tudo na mídia golpista e corporativa?
Ao que tudo indica, sim.
Por Basílio Carneiro
Enquanto isso, segue Lula governando sob as bênçãos generosas de Deus e sob o signo da boa sorte.