Ambos lideram grupamentos com visão fundamentalista religiosa, tentando impor um Estado teocrático. O cristianismo de direita brasileiro vê o Estado de Israel como se fosse o Israel da Bíblia.
Nas manifestações antidemocráticas realizadas nos anos recentes, a bandeira de Israel se sobrepõe à nossa, denotando um duplo nacionalismo. Materializam-se as Teologias do Domínio e da Prosperidade, na construção de uma identidade pautada em agendas conservadoras baseadas em interpretações neopentecostais, que evito classificar como evangélicas. Trata-se de uma articulação internacional conectada ao sionismo. Tanto que o ex-presidente, quando se refere a Israel, diz: “o nosso Estado de Israel”. Essa relação da extrema direita brasileira com a comunidade judaica ganhou força a partir do discurso que ele pronunciou na visita feita à sede Hebraica, no Rio de Janeiro, em 3 de abril de 2017.
O populismo religioso é uma tática política usada como forma de manter uma sobrevida eleitoral. Percebe-se uma religiosidade que se evidencia como fanatismo. Os atos públicos de manifestação política parecem mais um culto neopentecostal. A crença de que o Estado Judeu é necessário para a segunda vinda de Cristo fez com que surgisse o sionismo cristão, apropriando-se dos símbolos judaicos.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”. Essa fala de Lula provocou uma crise de histeria no sionismo e na extrema direita brasileira. Eles não conseguem enxergar que, assim como Hitler, o primeiro ministro israelense desumaniza os palestinos, justificando o cerco genocida à Faixa de Gaza, porque estaria “lutando contra animais”, como chegou a afirmar o ministro da Defesa de Tel Aviv, Yoav Gallant. Ou será que bombardear hospitais, escolas, matar crianças e impedir o fornecimento de água, gás, combustíveis e alimentos à região palestina, não são atos de desumanização?. É preciso entender que os judeus, enquanto nação, não têm nada a ver com isso. Difícil compreender que algu& eacute;m que se diz cristão dê apoio a essa política belicista que Benjamin Netanyahu vem praticando contra o povo palestino. Isso é a naturalização da violência e da guerra
Essas vozes da extrema direita no Brasil assumem defesa radical do Estado de Israel, num ativismo sionista que veio dos Estados Unidos. Esse alinhamento político-religioso resulta da larga influência teológica do dispensacionalismo que condiciona suas interpretações bíblicas à construção de um “reino de Deus” sob o controle de Jerusalém pelo “povo de Israel”.
É bom ressaltar que ser contrário ao sionismo não significa ser antissemita. Essa é uma ideia que Israel tenta estabelecer: quem denuncia as barbáries cometidas por Netanyahu é acusado de antissemitismo. O que queremos é paz. Fim das guerras.
Rui Leitão