O mais recente ataque criminoso perpetrado causa um desconforto emocional a quem tenha um mínimo de sensibilidade humana. Como justificar o chamado “massacre da farinha”, quando o exército sionista assassinou mais de uma centena de pessoas famintas e deixou mais de setecentos palestinos feridos ao tentarem receber alimentos enviados como ajuda solidária? A farinha enviada para saciar a fome dos palestinos ficou vermelha, coberta de sangue. Uma barbárie sem explicação.
Para esses criminosos não basta o objetivo de aniquilar um povo inteiro, mas fazer isso de forma hedionda, repulsiva, pavorosa. Esse pessoal que se dirigia ao comboio que ofertava comida via ali a chance de não morrer de fome. Eles decidiram então se antecipar e matá-los a tiro. Afinal de contas já estavam condenados a morrer. O objetivo continuava sendo o de aniquilar um povo inteiro. Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional de Israel, saudou os soldados que cometeram o massacre como “heróis”.
É, sem dúvida, uma catástrofe humanitária. Usemos o termo mais correto: um genocídio. Uma grave violação aos direitos humanos. Uma guerra de extermínio inaceitável, quando analisados por todos os aspectos. Ao abrirem fogo contra palestinos que aguardavam ajuda alimentar, dão curso a uma guerra de perecimento inaceitável. Lula tem razão. É uma voz que não se cala e verbaliza sua indignação para o mundo. No Brasil, o Itamaraty emitiu uma nota oficial condenando o massacre, afirmando que “trata-se de uma situação intolerável, que vai muito além da necessária apuração de responsabilidades pelos mortos e feridos de ontem”.
E não me venham com a justificativa de que essa ofensiva militar israelense é um ato de defesa. Pelo contrário, é um comportamento agressivo sem qualquer limite ético ou legal. A Humanidade precisa se insurgir contra essas atrocidades. Quantas pessoas inocentes ainda perderão a vida nessas ações de assassinatos em massa?
O mais impressionante é ver que parte da imprensa brasileira noticia o massacre como tendo sido um “tumulto”, uma “confusão”. Isso não só é vergonhoso, é impiedoso. Tentam manipular e falsear a realidade cruel. Isso não pode ser considerado jornalismo sério.
Há quem diga que nessa guerra não tem “mocinhos”, todos são “bandidos”. Isso até poderia ser visto como verdade, se o combate se restringisse a atacar o Hamas. Mas não, o propósito é bombardear toda uma região, a destruição completa de um povo, de uma cultura, matando homens, mulheres, idosos e crianças inocentes, que não têm nada a ver com esse conflito. E os Estados Unidos seguem firmes contra qualquer proposta de paz. Isso tem que ter um “basta”, urgente.
Rui Leitão