Aos outros transfere a responsabilidade de interpretar o que teria obrigação de saber. Perde a condição de análise crítica. Aí fica fácil aceitar a opinião do outro como sendo verdadeira. Apropria-se do pensamento alheio. Fica a mercê de julgamentos muitas vezes incorretos.
A ditadura das mídias sociais e das bolhas ideológicas transforma aqueles que não têm o costume de ler, em robôs repetidores do que divulga, embarcando no que podemos chamar de hipnose coletiva. A leitura nos dá a oportunidade de criticar o que nos tentam vender. Assim, ficamos imunes às manipulações de consciência. Se não conseguimos criar referências, não podemos promover mudanças em nossas vidas.
Entramos, portanto, num ciclo da mediocridade. Fica difícil interpretar o mundo, questioná-lo e analisá-lo. A leitura nos convida a sair da zona de conforto e procurar descobrir o desconhecido. Tornarmo-nos capazes de confrontar o outro. Não podemos correr o risco de metamoforsearmo-nos em pessoas inúteis porque achamos a leitura algo sem importância. Quando assim agimos, abrimos mão da capacidade de pensar.
A futilidade das informações que nos são fornecidas pela internet, faz com que nos tornemos indivíduos alienados. Ficamos impossibilitados de apreender a realidade da vida. Sem o hábito da leitura não podemos sequer sonhar, porque nos conformamos com o que nos é apresentado. Vem daí a razão dos déspotas em inibir o acesso às informações. O melhor para eles é que o nosso saber seja limitado pelo que a eles convém.
Ler é sinônimo de libertar-se. Dar asas à imaginação, ainda que contrarie muitos, principalmente aqueles que desejam impor algemas no direito de caminhar com os próprios passos. Quando proíbem a leitura livre, impõem a censura para estabelecer a submissão. Estimulam a apatia, para não enfrentarem problemas de questionamentos. Eles têm medo das leituras que despertem consciências.
A leitura tem poder revolucionário, porque desenvolve o pensar. A falta de leitura fecha nossos olhos para a realidade que alguns tentam esconder, porque temem que se encontrem explicações para aquilo que possa por em risco seus poderes. Lendo nos livramos da humilhante posição de subserviência.
Rui Leitão