O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) utilizou seu discurso em cadeia nacional de rádio e TV de Dia da Independência, 7 de Setembro, para criticar o bilionário Elon Musk, proprietário da rede social X (antigo Twitter). A crítica surge no contexto de uma disputa entre o magnata e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Sem mencionar o nome do empresário, o petista enfatizou que o Brasil será sempre intolerante com qualquer indivíduo, independentemente de sua riqueza, que desafie a legislação nacional: “Nenhum país é de fato independente quando tolerar ameaças à sua soberania. Seremos sempre intolerantes com qualquer pessoa, tenha a fortuna que tiver, que desafie a legislação brasileira. Nossa soberania não está à venda”.
O X foi suspensa no Brasil por ordem do ministro Alexandre de Moraes na sexta-feira (30), após a plataforma desrespeitar ordens judiciais para nomear um representante legal no país. A Primeira Turma do STF confirmou a decisão de forma unânime na segunda-feira (2).
Lula discursou em cadeia nacional por ocasião do Dia da Independência, evento que também foi marcado pelo desfile militar na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Durante o discurso, o presidente destacou a importância da democracia como espaço de diálogo e convivência pacífica entre diferentes opiniões.
“Democracia é o diálogo, é a convivência civilizada entre opostos. Não é direito de mentir, espalhar o ódio e atentar contra a vontade do povo”, declarou.
O chefe do governo também mencionou a união de adversários políticos em defesa da democracia, citando como exemplo a aliança formada em torno de sua candidatura nas eleições de 2022 e a resposta aos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023:
“Em momentos decisivos da história, a defesa da democracia é capaz de unir adversários de longa data. Foi assim na construção da aliança para garantir a governabilidade do país após as eleições de 2022. Foi assim o 8 de janeiro de 2023 quando democratas de quase todos os partidos se uniram para derrotar a tentativa de golpe”.
O presidente usou uma expressão que tem sido recorrente nos pronunciamentos de Alexandre de Moraes ao se referir ao Brasil: “O Brasil não é terra sem lei”. “Daquele dia em diante, deixamos bem claro ao mundo que o Brasil é um a paz e a liberdade imperam. Mas não é um território sem lei e sem ordem”, pontuou ele.
Lula também ressaltou a importância do diálogo com governadores e prefeitos, destacando o tema da segurança pública. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, está à frente de uma proposta de emenda constitucional que busca dar ao governo federal o poder de estabelecer diretrizes para a segurança pública e o sistema penitenciário, obrigando os estados a segui-las.
No pronunciamento, o presidente mencionou as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul desde o final de abril e as queimadas que afetam o Pantanal e a Amazônia, enfatizando a parceria entre o governo federal, estados e municípios na resposta a essas calamidades. “Juntos, vamos derrotar o crime organizado”, concluiu.
A celebração do 7 de Setembro deste ano ocorre em um clima diferente em relação ao ano anterior, marcado pela tentativa do governo federal de associar as Forças Armadas ao conceito de democracia, em meio às investigações sobre o envolvimento de militares nos ataques de 8 de janeiro.
Além disso, o pronunciamento foi gravado antes das denúncias de assédio sexual contra o ex-ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, que foi demitido pelo presidente na noite anterior.
O governo federal também destacou que o desfile na Esplanada dos Ministérios exaltará a presidência brasileira no G20, os eventos realizados no Brasil, como a cúpula de chefes de Estado em novembro, e a união na reconstrução do Rio Grande do Sul, afetado por catástrofes climáticas no primeiro semestre. Participarão do desfile 30 atletas olímpicos que competiram em Paris este ano, como parte do programa Bolsa Atleta.