Sayyed Hassan Nasrallah, líder do grupo Hezbollah (Foto: Hasan Shaaban / Reuters)
Reuters – O líder libanês Sayyed Hassan Nasrallah, cujo suposto assassinato foi noticiado por Israel, comandou o Hezbollah por mais de três décadas, transformando a organização em uma força militar com grande influência regional. Israel afirmou, no sábado, ter matado Nasrallah em um ataque aéreo ao quartel-general do Hezbollah nos subúrbios do sul de Beirute. No entanto, até o momento, o Hezbollah não confirmou a morte de seu líder, que esteve à frente do grupo por 32 anos.
"Hassan Nasrallah, líder da organização terrorista Hezbollah, foi eliminado", afirmou Avichay Adraee, porta-voz do exército israelense, em comunicado publicado na rede social X (antigo Twitter). O Hezbollah, que conta com o apoio do Irã, ainda não fez nenhum pronunciamento oficial sobre o estado de seu líder.
Um legado de conflito e influência
Nasrallah tornou-se um dos nomes mais notáveis do mundo árabe ao liderar o Hezbollah durante sucessivos confrontos com Israel, consolidando o grupo como uma potência militar regional. Seu comando foi marcado pela resistência a Israel e pela crescente influência do Hezbollah no Oriente Médio, sempre respaldado pelo apoio de Teerã.
Entre seus apoiadores, Nasrallah é admirado pela oposição firme a Israel e pelos desafios que impôs aos Estados Unidos. Em um discurso em 1º de agosto, no funeral de Fuad Shukr, comandante militar do Hezbollah morto em outro ataque israelense, Nasrallah afirmou: “Estamos diante de uma grande batalha”. Sua capacidade de oratória, reconhecida até por seus inimigos, era frequentemente usada para mobilizar sua base e lançar ameaças cuidadosamente elaboradas.
Sob seu comando, o Hezbollah expandiu sua atuação para além do Líbano, lutando na guerra civil síria ao lado do presidente Bashar al-Assad e interferindo em outros conflitos regionais, sempre alinhado à estratégia iraniana. No entanto, essa expansão trouxe críticas internas e externas, com muitos acusando o Hezbollah de contribuir para o colapso financeiro do Líbano, exacerbado pelo isolamento do país por aliados árabes.
Hezbollah e o conflito recente
A guerra em Gaza, desencadeada após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, levou o Hezbollah a intensificar os ataques ao sul de Israel, em solidariedade ao grupo palestino. Esse conflito resultou na maior escalada de violência entre o Hezbollah e Israel desde 2006, causando a morte de centenas de combatentes do grupo e alguns de seus principais comandantes.
O impacto de Nasrallah no Hezbollah e na região é inegável. Ao longo dos anos, ele liderou o grupo em batalhas cruciais, sempre com o objetivo de desafiar os poderes ocidentais e fortalecer a resistência à ocupação israelense. Seu possível desaparecimento deixaria um vazio significativo, tanto para seus aliados quanto para seus adversários.
Com ou sem Nasrallah, o Hezbollah continuará a ser uma força central na política e nos conflitos do Oriente Médio, sustentado por seu arsenal e pela ideologia de resistência que seu líder promoveu incansavelmente durante suas décadas à frente da organização.
Nasrallah: de guerrilheiro a líder
Nasrallah cresceu em Beirute, em um bairro pobre, e sua carreira política foi moldada pela Revolução Islâmica do Irã em 1979. Ele ascendeu ao posto de secretário-geral do Hezbollah em 1992, após a morte de seu antecessor, Sayyed Abbas al-Musawi, assassinado por Israel em um ataque de helicóptero. Durante sua liderança, o Hezbollah desempenhou um papel decisivo na retirada das forças israelenses do sul do Líbano em 2000, pondo fim a 18 anos de ocupação.
A morte de seu filho Hadi, em combate contra Israel em 1997, solidificou ainda mais sua posição entre os apoiadores do Hezbollah, conferindo-lhe um status quase mítico dentro de sua base xiita libanesa. Ao longo de sua liderança, Nasrallah navegou por uma série de conflitos, incluindo a guerra de 34 dias contra Israel em 2006, após a qual ele proclamou uma "vitória divina".
O papel de Nasrallah como um dos mais importantes líderes no Oriente Médio, sua habilidade oratória e sua capacidade de enfrentar potências regionais e globais continuam a ser debatidos e analisados, mas sua marca na história do Líbano e do Hezbollah já está consolidada.
A morte de Nasrallah, se confirmada, poderá mudar drasticamente a dinâmica de poder no Líbano e na região, abrindo espaço para novas lideranças no Hezbollah ou intensificando ainda mais o já caótico cenário de confrontos no Oriente Médio.