Créditos: Reprodução redes sociais
Por Marcelo Hailer
Na sexta-feira (25), o deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO) foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal (PF). Durante a ação, foram encontrados R$ 70 mil na casa de um dos assessores do parlamentar.
Um vídeo que circula pelas redes traz uma mulher que se apresenta como mãe do assessor e afirma que o dinheiro encontrado pela PF pertence a ela e que se trata de suas economias.
A mulher se apresenta como Ana Maria e diz ser mãe de Bruno Amaral Machado, o assessor de Gustavo Gayer flagrado pela PF com os R$ 70 mil.
"Meu nome é Ana Maria, eu sou mãe do Bruno Amaral Machado, assessor do Gayer. O dinheiro que a Polícia Federal achou aqui na minha casa são minhas economias, de muitos anos... eu recebo aluguéis e não confio no sistema financeiro, que já passou pelo Collor", inicia Ana Maria, em referência ao confisco das poupanças durante o governo do ex-presidente Fernando Collor.
"Os R$ 70 mil achados na minha casa são meus, são economias de muitos anos. Está bom?", conclui Ana Maria.
Confira abaixo a íntegra da fala da mãe do assessor de Gustavo Gayer:
🚨URGENTE - Mãe de assessor do deputado Gustavo Gayer grava vídeo dizendo que os R$ 72 mil reais encontrado pela PF são economias dela!
— SPACE LIBERDADE  (@NewsLiberdade) October 26, 2024
“O dinheiro que a Polícia Federal achou aqui na minha casa, é meu! São minhas economias de muitos anos” pic.twitter.com/sYcSPpoRsV
Gayer deu “showzinho” na chegada da PF e gritou “bolsonarices” aos agentes
A chegada da Polícia Federal, às 6h da manhã, na casa do deputado federal bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO), para cumprimento de mandado de busca e apreensão por suspeitas de que o extremista desviava dinheiro da cota parlamentar e falsificava documentos para criar uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) fraudulenta, não foi o suficiente para fazê-lo abaixar a crista. Atolado até o pescoço numa investigação que recebeu luz verde do STF, por conta de seu foro privilegiado, ele deu um “showzinho”.
Segundo a coluna de Igor Gadelha, no portal Metrópoles, Gayer resolveu gritar as típicas “bolsonarices” para os agentes da PF. Primeiro ele bradou que aquilo era “uma vergonha” por parte da Polícia Federal, dizendo na sequência que instituição teria se tornado uma “Gestapo” do ministro Alexandre de Moraes, do STF, uma verdadeira bobajada, já que seu grupo político mantém maioria esmagadora no Congresso Nacional e o deputado vive sob um regime democrático, cujo aparelho judicial apenas autorizou uma busca por suspeitas de cometimento de crime, inclusive com farto material probatório.
No entanto, os policiais não deixaram por menos e repreenderam o parlamentar de extrema direita, exigindo que ele agisse com respeito, o que o fez baixar o tom.
Escola de inglês e loja bancada com recursos públicos
O deputado federal bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO), que foi nesta manhã (25) alvo de uma operação da Polícia Federal sob suspeita de desviar valores da cota parlamentar a que tem direito, e de ser líder de uma organização criminosa que falsificava documentos para a criação de uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) fraudulenta, pagava o aluguel de seus negócios pessoais, uma escola de inglês e uma loja de camisetas, em Goiânia (GO), com dinheiro público.
De acordo com o inquérito da PF, o espaço onde funcionavam suas firmas tinha um custo mensal de R$ 6,5 mil e era pago com dinheiro que oficialmente serviria para manter seu escritório político na capital goiana. Os salários dos funcionários dos estabelecimentos também seriam custeados pela verba disponibilizada ao deputado para manter “secretários”, em funções que deveriam ser políticas, no estado.
Peça central numa organização criminosa, diz PF ao STF
A Polícia Federal informou em seu relatório reportado ao Supremo Tribunal Federal que o deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO), notório por seu discurso anticorrupção e reacionário, é a “peça central” de uma organização criminosa que desviava dinheiro da cota parlamentar e falsificava documentos com o objetivo de criar uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) fraudulenta.
No documento encaminhado ao STF, a PF diz que Gayer é suspeito de ter praticado “os possíveis crimes, responsável por direcionar as verbas parlamentares para atividades de particulares, as quais tinham o intuito de movimentar atos antidemocráticos, e autorizar a participação dos demais integrantes do grupo nestas atividades”. No inquérito, o bolsonarista é investigado por ter utilizado secretários parlamentares que recebiam salários provenientes do dinheiro público para que eles executassem tarefas de ordem partículas. “[O deputado] teria utilizado verbas públicas para manter, ainda que parcialmente, essas atividades privadas, uma vez que funcionariam em local custeado com verbas de cota parlamentar”, lê-se na denúncia.
Gayer dá desculpas e vem com o papo de “democracia relativa”
O deputado Gustavo Gayer foi às redes sociais chorar e dizer que a polícia bateu à sua porta às 6h. “Não falam o porquê que tô sofrendo busca e apreensão, claramente querendo prejudicar meu candidato Fred Rodrigues (PL-GO) aqui em Goiânia. Esses policiais viraram jagunços de um ditador”, reclamou em um vídeo divulgado em seu perfil no X, referindo-se a Alexandre de Moraes. “Vieram à minha casa, levaram meu celular, HD, essa democracia relativa está custando caro para o nosso país.”
Durante uma das buscas, foram encontrados mais de R$ 70 mil em dinheiro vivo na casa de um assessor de Gayer. A Polícia Federal informou que recursos públicos estavam sendo usados para financiar empreendimentos privados. Os mandados estão sendo executados no imóvel funcional do deputado em Brasília, bem como em sua residência.