Dois estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) tiveram suas demissões de estágio em escritórios de advocacia confirmadas após acusações de racismo durante os Jogos Jurídicos Estaduais. O caso ganhou repercussão após vídeos mostrarem integrantes da torcida da PUC-SP proferindo ofensas como “pobres” e “cotistas” contra alunos da Faculdade de Direito da USP durante uma partida de handebol masculino.
Os escritórios Pinheiro Neto Advogados e Castro Barros confirmaram o desligamento dos estagiários envolvidos, sendo a estudante Tatiane Joseph Khoury, de 20 anos, uma das alunas demitidas.
Em nota, o Pinheiro Neto declarou que “não tolera e repudia racismo ou qualquer outro tipo de preconceito”. Já o Castro Barros afirmou que “qualquer pessoa que ignore ou despreze esse fato não tem condições de fazer parte” da empresa.
Outro estudante envolvido era estagiário do Machado Meyer. O escritório informou que está realizando apurações sobre o caso e avaliará as medidas cabíveis. “O Machado Meyer tem a diversidade como um de seus pilares essenciais e reitera o seu empenho em garantir um ambiente profissional pautado pela ética e pelo respeito às diferenças”, declarou em nota.
Tatiane Joseph Khoury foi identificada fazendo ofensas racistas e demitida de escritório. Foto: reprodução
O caso
As ofensas racistas ocorreram durante uma competição entre a Atlética 22 de Agosto, da PUC-SP, e a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP. Coletivos de estudantes negros e bolsistas da PUC-SP denunciaram o episódio, classificando-o como “explicitamente racista e aporofóbico”.
Em comunicado, os coletivos Saravá e Da Ponte para Cá afirmaram que esses ataques refletem a “estrutura racista e elitista da PUC-SP” e relataram a falta de resposta da universidade a denúncias semelhantes feitas anteriormente.
Parlamentares do PSOL, incluindo Sâmia Bomfim e Luana Alves, acionaram o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) para pedir a instauração de um inquérito policial. Segundo a representação, as ofensas configuram racismo, crime previsto no artigo 20 da Lei n.º 7.716/89.
ABSURDO 🚨
— Letícia Chagas (@leticiachagassp) November 16, 2024
Estudantes de Direito da PUC proferem xingamentos preconceituosos contra estudantes negros da USP.
São esses os futuros profissionais de direito do Brasil. pic.twitter.com/Nx58aycIDs