Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
247 - Às vésperas de uma audiência crucial no Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), mostrou-se emocionalmente abalado. Segundo informações da CNN Brasil, Cid chorou diante de familiares e demonstrou desânimo enquanto enfrentava a possibilidade de perder os benefícios de sua delação premiada, firmada em setembro de 2023.
Nesta quinta-feira (21), às 14h, Mauro Cid comparecerá diante do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado, para responder a questionamentos sobre contradições e omissões apontadas pela Polícia Federal (PF). O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também estará presente na audiência, que poderá selar o destino do militar.
O futuro da delação e seus riscos
Caso o acordo de delação seja cancelado por descumprimento, Mauro Cid poderá ser preso novamente. Apesar disso, as provas e informações já fornecidas continuarão válidas para a investigação. Fontes próximas ao militar consideram improvável que ele consiga manter os benefícios, agravando sua situação jurídica.
A delação de Mauro Cid é peça-chave no inquérito que investiga Jair Bolsonaro e aliados por uma suposta tentativa de golpe de Estado. A audiência desta quinta-feira é considerada um dos últimos atos antes da conclusão da apuração pela PF.
Em conversas com parentes, Mauro Cid insiste que não sabia de nenhum plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) ou o próprio ministro Alexandre de Moraes. “Ele admite apenas o que já relatou na delação: que sabia sobre a trama para tentar manter Bolsonaro no poder, mas jamais esteve envolvido em planos de assassinato”, afirmam pessoas próximas.
Mensagens comprometedoras e explicações pendentes
Um dos pontos mais delicados que colocam em risco o acordo é a recuperação de mensagens nas quais Mauro Cid demonstra conhecimento sobre o monitoramento ilegal do ministro Alexandre de Moraes. O militar alegou à PF que desconhecia a ilegalidade do ato, mas essa justificativa não convenceu totalmente os investigadores.
Nos bastidores, Cid tenta explicar o contexto dessas mensagens, reafirmando que já respondeu tudo o que foi perguntado. No entanto, a PF segue apontando inconsistências em seu relato, o que ameaça a manutenção de seu acordo.
Um acordo cercado de polêmicas
Mauro Cid foi preso em maio de 2023 após ser acusado de inserir dados falsos nos cartões de vacina de Jair Bolsonaro. Em setembro do mesmo ano, o STF homologou sua delação premiada, permitindo sua soltura mediante condições rigorosas, como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de deixar o país.
O acordo, no entanto, foi ameaçado em março de 2024, quando áudios vazados mostraram o militar criticando Alexandre de Moraes e a PF. Na ocasião, Cid precisou prestar depoimento ao ministro e chegou a ser preso novamente. Mesmo assim, Moraes decidiu manter a delação ativa, considerando que as declarações vazadas seriam apenas um “desabafo”.
Agora, diante de novas controvérsias, Mauro Cid enfrenta uma batalha ainda mais difícil. O resultado da audiência no STF poderá determinar não apenas seu futuro, mas também o rumo das investigações sobre a tentativa de golpe no Brasil.