Não durou uma semana o efeito surpresa causado pelo discurso do deputado federal paraibano Hugo Motta (REP), durante sua posse na presidência da Câmara dos Deputados.
A veemente defesa da democracia, com direito a citação de Ulisses Guimarães e referência ao filme “Ainda estou aqui” embalou democratas, tanto à direita quanto à esquerda, na esperança de que o parlamento brasileiro venha a ter, sob sua inspiração, um perfil o mais afastado possível de eventuais tentações golpistas.
Bastou uma entrevista para o badalado Hugo Motta desfazer a farsa do discurso de posse e mostrar a sua verdadeira cara. Dizer que os 8 anos de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa são excessivos e que há desequilíbrio nas penas impostas pela justiça aos golpistas depredadores do 8 de janeiro não combina bem com quem se diz democrata.
Na busca dos seus votos para a presidência, decerto que Hugo prometeu à esquerda a intransigente defesa da democracia, enquanto que a Arthur Lira e à direita, esperanças de anistia aos golpistas. Traiu aos dois.
Nada surpreendente para quem é cria de Eduardo Cunha e o tem como guru político.
A traição de Hugo atinge principalmente ao povo paraibano, que rechaçou categoricamente o fascismo nas duas últimas eleições presidenciais.