Por Basílio Carneiro
O episódio mostra um Bolsonaro desesperado às vésperas da formalização da denúncia contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele sabe que as provas são muitas e sua prisão é uma realidade, e juridicamente nenhum motivo há para o impeachment do Presidente Lula.
Isso ilustra bem a inversão de valores no discurso bolsonarista: alguém investigado por múltiplos crimes — e prestes a ser preso — se coloca como vítima e tenta transformar sua própria situação jurídica em um movimento político contra um presidente democraticamente eleito.
A defesa da anistia para extremistas e o impeachment de Lula não tem base jurídica, mas busca inflamar sua base e criar instabilidade. É uma tática clássica: ao invés de responder pelos próprios atos, Bolsonaro aposta na mobilização e na desinformação para se manter relevante e evitar as consequências legais.
As instituições democráticas não podem assistir a isso passivamente. Até onde essa retórica pode ir, antes de gerar ações mais firmes contra ele e seus aliados?