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Rubens Paiva denunciou a participação dos Estados Unidos no golpe militar de 1964

Ex-deputado cassado pelo regime foi sequestrado, torturado e assassinado após expor o envolvimento norte-americano na ditadura

03/03/2025 às 05h50 Atualizada em 04/03/2025 às 05h26
Por: Redação
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Rubens Paiva denunciou a participação dos Estados Unidos no golpe militar de 1964

247 – Rubens Paiva, ex-deputado federal e uma das vítimas mais emblemáticas da ditadura militar no Brasil, denunciou publicamente a participação dos Estados Unidos no golpe de 1964. Crítico ferrenho da ruptura democrática, ele apontou o apoio direto do governo norte-americano aos militares golpistas, o que o tornou um alvo do regime.

Eleito deputado federal pelo PTB em 1962, Rubens Paiva era um defensor das reformas de base propostas pelo presidente João Goulart. Após o golpe de 1º de abril de 1964, foi cassado e forçado ao exílio. Em seus discursos e declarações públicas, ele alertava sobre o envolvimento direto dos Estados Unidos na derrubada de Goulart, citando a Operação Brother Sam, um plano do governo norte-americano para apoiar os militares brasileiros com navios, tropas e armamentos, caso houvesse resistência ao golpe.

Com o endurecimento do regime, Paiva retornou ao Brasil e passou a atuar discretamente na oposição. No entanto, sua posição crítica nunca foi esquecida pelos militares, e ele permaneceu sob constante vigilância.

A prisão, tortura e assassinato pelo regime
Em 20 de janeiro de 1971, Rubens Paiva foi sequestrado em sua casa, no Rio de Janeiro, por agentes da repressão. A versão oficial da ditadura alegou, na época, que ele teria fugido da prisão durante uma transferência, mas documentos e testemunhos posteriores confirmaram que Paiva foi levado para o DOI-Codi, onde foi brutalmente torturado e assassinado. Seu corpo nunca foi entregue à família.


O nome de Rubens Paiva se tornou símbolo da luta contra os crimes da ditadura. Somente em 2014, a Comissão Nacional da Verdade confirmou sua morte sob tortura e a responsabilidade do Estado em sua execução.

No cinema, sua história voltou a ser resgatada no filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles e baseado no livro de seu filho, Marcelo Rubens Paiva. A produção, vencedora do Oscar de Melhor Filme Internacional, destaca a luta de sua esposa, Eunice Paiva, que enfrentou o regime em busca da verdade e da memória de seu marido.

A denúncia feita por Rubens Paiva sobre o papel dos Estados Unidos no golpe de 1964 é hoje amplamente documentada, reforçando como interesses estrangeiros influenciaram a história política do Brasil. Seu legado continua vivo na busca pela verdade histórica e pela justiça para as vítimas da repressão.

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