26 de Março: O Supremo Tribunal Federal (STF) tem hoje uma decisão histórica a tomar: o destino de Jair Bolsonaro. As provas contra o ex-presidente são contundentes, e o julgamento transcende a figura do político, representando uma encruzilhada para a democracia brasileira. O que está em jogo não é apenas a sua conduta individual, mas a capacidade das instituições de resistirem a ataques autoritários e punirem os responsáveis por tentar minar o Estado Democrático de Direito.
Não se trata de escândalos de corrupção, como o caso das joias, ou de gestão desastrosa, como a omissão diante das mortes na pandemia. O cerne da questão é a tentativa de ruptura institucional. Bolsonaro não agiu sozinho. Foi o comandante de um grupo que, por meio de mentiras, pressões e estratégias antidemocráticas, tentou corroer as bases do regime vigente. Desde a propagação de desinformação sobre o sistema eleitoral até a incitação de atos golpistas, sua intenção de se manter no poder a qualquer custo ficou evidente.
Os relatos sobre um possível plano para assassinar figuras centrais do governo eleito, como Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, são de uma gravidade extrema. Se confirmados, não restará dúvida de que Bolsonaro e seus aliados cruzaram a linha que separa a disputa política lícita da criminalidade organizada. A impunidade nesse caso abriria um precedente perigoso: se um ex-presidente pode atentar contra a democracia sem consequências, nada impede que outros tentem fazer o mesmo no futuro.
A democracia não é um conceito abstrato; é um sistema que exige constante vigilância e ação. O Brasil já experimentou momentos sombrios em sua história política, e a incapacidade de lidar com crimes contra o regime republicano pode resultar em retrocessos irreparáveis. Para que nunca mais se repita, é fundamental que os envolvidos no atentado contra a democracia sejam responsabilizados com o rigor da lei.
O julgamento de hoje não diz respeito apenas a Bolsonaro, mas ao compromisso do Brasil com a justiça e com a verdade. Sem anistia, sem acordos escusos, sem esquecimento. O futuro da democracia depende do presente, e a história cobrará sua fatura.