Publicidade

Morre “El Turco Julián”, um dos torturadores mais sádicos da ditadura argentina

O torturador argentino Julio Héctor Simón, o “Turco Julián”: morto na cadeia

27/03/2025 às 06h10 Atualizada em 28/03/2025 às 09h39
Por: Redação Fonte: DCM
Compartilhe:
Morre “El Turco Julián”, um dos torturadores mais sádicos da ditadura argentina

Aos 82 anos, morreu um dos torturadores mais sádicos da ditadura argentina e o primeiro condenado por crimes contra a humanidade após o fim das leis de impunidade: Julio Héctor Simón, conhecido como “Turco Julián”. O ex-policial, que se orgulhava das atrocidades que cometeu, jamais forneceu informações sobre os desaparecidos ou sobre as crianças nascidas nos centros clandestinos e arrancadas de suas famílias biológicas.


Ele foi traído por sua própria arrogância. Em 1990, em uma entrevista televisiva, confessou em detalhes as torturas que praticou, revelou que os sequestrados eram lançados vivos ao mar nos “voos da morte” e declarou que o plano era “matar todo mundo”. Sem qualquer arrependimento, chegou a afirmar que faria tudo novamente, crente de que a impunidade duraria para sempre.


Porém, em 2005, com a revogação das leis de Ponto Final e Obediência Devida, a impunidade chegou ao fim. Ele se tornou o primeiro torturador condenado por crimes contra a humanidade, graças a um processo que se tornou emblemático: o “Fallo Simón” (“Decisão Simón”), sentença da Suprema Corte que abriu caminho para a responsabilização de genocidas da ditadura.

Simón passou seus últimos anos na prisão vip de Campo de Mayo. Tentou, sem sucesso, obter prisão domiciliar. Nunca demonstrou arrependimento e jamais revelou o paradeiro dos bebês sequestrados nos centros de tortura, que foram entregues a famílias de militares e policiais.

Simón iniciou sua carreira na Superintendência de Segurança Federal, conhecida como “Coordinación”, onde ajudou a organizar a repressão clandestina. Após um atentado do grupo Montoneros em 1976, foi transferido para o “Club Atlético”, parte do circuito de tortura e extermínio conhecido como ABO (que incluía os campos “El Banco” e “El Olimpo”).

Lá, era onipresente. Simón era conhecido por exibir abertamente sua ideologia nazista e seu ódio antissemita. Sobreviventes relataram que ele praticava empalamentos, além de estar envolvido em crimes de abuso sexual e estupro dentro dos centros de tortura.


Mesmo após o fim da ditadura, Simón se vangloriava da liberdade garantida pelas leis de impunidade. Em 1995, deu uma entrevista ao programa Telenoche Investiga e, em 1997, ao jornalista Mauro Viale, em que insultou, ameaçou e debochou das vítimas.

No entanto, nos anos 2000, seu nome apareceu na denúncia que levou à anulação das leis de impunidade. Ele foi processado pelo sequestro e tortura de José Poblete e Gertrudis Hlaczik, além da apropriação de sua filha recém-nascida, Claudia, entregue ilegalmente a um casal de militares. Esse caso foi decisivo para que, em 2005, a Suprema Corte declarasse inconstitucionais as leis que protegiam os criminosos da ditadura.

Após essa decisão, Simón recebeu sua primeira condenação à prisão perpétua, seguida de várias outras sentenças por sua participação nos crimes de lesa-humanidade investigados pelo juiz Daniel Rafecas.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários