“É o fim da minha vida. Já estou com 70 anos.” A frase de Jair Bolsonaro soa mais como um lamento de quem vê suas estratégias fracassarem do que como um reconhecimento de erros. Após anos desrespeitando as instituições e minando a democracia, agora ele tenta se colocar como vítima de um sistema que sempre tentou sabotar.
Na mesma fala, Bolsonaro sugere que um golpe não acontece à luz do dia, mas sim por meio da criação de narrativas e oportunidades. Ironia maior não há: foi exatamente essa a tática usada por ele e seus aliados para desacreditar as eleições, insuflar seus seguidores e criar o caos. Quando percebeu que as urnas falaram mais alto, restou-lhe o papel de mártir, algo que nunca coube em sua trajetória política.
Não por acaso, Bolsonaro volta a insinuar que foi alvo de perseguição, ignorando que o próprio Lula foi preso injustamente e conseguiu provar sua inocência antes de ser eleito presidente. Se Bolsonaro acredita que está sendo injustiçado, que siga o mesmo caminho: enfrente a Justiça, apresente provas e aceite as consequências. Mas para isso, precisaria respeitar as instituições, algo que, até hoje, nunca demonstrou estar disposto a fazer.