Olhando para as eleições de 2026 na Paraíba, abre-se uma perspectiva que cobra análise comparativa com o cenário das municipais de 2016, gestando o eixo da disputa estadual de 2018, ao Palácio da Redenção.
No longínquo 2016, Luciano Cartaxo, então prefeito da capital paraibana e imbatível em seu projeto de reeleição, ficou refém das articulações de Cássio Cunha Lima e José Maranhão, aceitando Manoel Júnior como vice, e jogando fora ali suas pretensões de disputar o governo em 2018. Sabedor que era da ligação daquele que viria a ser o seu vice com Cássio Cunha Lima, previu que não o entregaria a prefeitura de João Pessoa em 2018 para disputar o governo do estado. Confirmou-se.
Da mesma forma ficou refém Romero Rodrigues em Campina Grande, por não ter segurança no apoio de seu vice, Enivaldo Ribeiro, e também perdeu o timing para disputar o governo estadual, não se candidatando ao Palácio da Redenção em 2018.
Agora, em 2024, o cenário se repete com Bruno Cunha Lima, que tem um vice indicado por Cássio e Romero: Alcindor Vilarim. A grande questão é: Bruno terá coragem de disputar o governo em 2026, mesmo com um vice que não foi sua escolha direta? O modus operandi de Cássio Cunha Lima continua o mesmo. O ex-tucano, agora com o controle do PSD na Paraíba, pode articular o nome de Pedro Cunha Lima para ser o candidato ao governo, e com isso deflagrar uma já esperada ruptura no grupo familiar.
O histórico das últimas eleições municipais em Campina Grande aponta essa perspectiva, uma vez que Bruno Cunha Lima já mostrou sua determinação em 2020 e 2024, vencendo disputas internas dentro do grupo. Hoje, na condição de maior liderança política da ala Cunha Lima, não há duvidas de que pode e vai querer garantir seu espaço na disputa estadual. Caso decida enfrentar a estrutura articulada por Cássio, a Paraíba pode ter uma das disputas mais acirradas dentro da direita paraibana nos últimos anos.
Voltando a Cartaxo e Romero, o histórico que acabo de delinear mostra que quem não ousa, paga caro. Os dois ex-prefeitos das duas mais importantes cidades da Paraíba não têm hoje capital político próprio para uma disputa majoritária sequer para os cargos que ocuparam. Já Bruno Cunha Lima tem dado incontestáveis demonstrações de determinação e eficiente uso das oportunidades, características de quem tem espírito de liderança. Decerto não deixará o ‘cavalo passar selado’.
Por Basílio Carneiro