O governo federal e o Partido dos Trabalhadores (PT) têm evitado um enfrentamento ideológico essencial: a pauta de costumes. Esse vacilo não é recente. Setores da esquerda hesitam em encarar esse debate de frente, enquanto a extrema-direita, liderada por Bolsonaro, fez disso sua principal estratégia nos últimos anos.
Bolsonaro passou quatro anos promovendo o enfrentamento ideológico, alimentando sua base com discursos inflamados sobre temas morais e culturais. No fim, perdeu a eleição porque seu governo não tinha rumo, planejamento ou projetos concretos para o Brasil. Ainda assim, seu discurso deixou marcas profundas na sociedade e continua ecoando entre seus apoiadores.
O governo Lula, por sua vez, faz um trabalho técnico competente, com avanços em diversas áreas. No entanto, não pode se furtar a travar o debate ideológico. A desinformação e o conservadorismo extremado seguem se espalhando, e a falta de uma resposta clara fortalece a narrativa bolsonarista.
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) parece ignorar esse detalhe crucial. Enquanto a extrema-direita segue mobilizando suas bases em torno da pauta de costumes, a esquerda se esquiva, deixando um vácuo perigoso na disputa simbólica e cultural do país.
Urge a necessidade de pautar esse debate. O enfrentamento ideológico não pode ser negligenciado. É preciso combater a desinformação com clareza, ocupar espaços e disputar consciências. Se a esquerda continuar vacilando, o preço a pagar pode ser alto demais.
Por Basílio Carneiro, Folha da PB.