Por Basílio Carneiro
Uma nova pesquisa do instituto Gerp aponta que Jair Bolsonaro, mesmo inelegível, teria 41% das intenções de voto para 2026, contra 26% de Lula. Os números chamam atenção, mas o que está por trás dessa divulgação?
O levantamento, feito por telefone com 2.000 pessoas entre os dias 22 e 27 de março, reforça uma estratégia conhecida: manter Bolsonaro como uma figura competitiva no debate público, mesmo diante de suas limitações jurídicas. A imprensa tradicional, que se diz imparcial, muitas vezes age como vanguarda da extrema direita, dando protagonismo a pesquisas que, no mínimo, deveriam ser vistas com cautela.
A pesquisa ignora, por exemplo, que Bolsonaro está inelegível por decisão do TSE e que qualquer especulação sobre sua candidatura não passa de um exercício de ilusão. Mas a divulgação desses números serve ao propósito de manter sua base mobilizada e reforçar a narrativa de perseguição, um discurso central no bolsonarismo.
A grande questão não é apenas o que a pesquisa mostra, mas sim como ela é utilizada para construir uma percepção política. Enquanto Bolsonaro enfrenta processos e perde força institucional, sua imagem ainda é alimentada por setores da mídia que insistem em tratá-lo como um candidato viável.
Por Basílio Carneiro