Por Basílio Carneiro
O que era pra ser um ato de força acabou virando um verdadeiro tiro no pé. Durante a manifestação bolsonarista deste domingo (7), em Brasília, sobrou para o deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos), alvo de críticas pesadas vindas direto do carro de som.
O pastor Silas Malafaia, uma das vozes mais estridentes do bolsonarismo, não poupou palavras: disse que Motta estaria “envergonhando o povo da Paraíba” por não se posicionar claramente sobre o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. A bronca pública, no entanto, parece ter surtido o efeito oposto ao desejado.
Nos bastidores de Brasília, a avaliação é de que a pressão virou ataque e, com isso, diminuiu ainda mais as chances de o projeto sair do lugar. Motta, que preside a CCJ da Câmara, teria agora ainda menos motivos para pautar um tema espinhoso, especialmente após ter seu nome jogado na roda com tanta agressividade.
“Depois dessa tentativa de intimidação grosseira, alguém acha mesmo que ele vai pautar o projeto? Claro que não”, comentou um aliado do governo, em tom de ironia.
Para deputados próximos a Lira e ao núcleo duro da Câmara, a ala bolsonarista se isolou ainda mais politicamente com o gesto. A leitura é simples: faltou estratégia e sobrou dedo na cara. E se tem uma coisa que parlamentar não costuma aceitar, é ser pressionado em público, ainda mais por aliados.