Por Basílio Carneiro
Enquanto a Polícia Federal arromba as portas da corrupção que se instalou no INSS desde o governo Temer, quem aparece para dar lição de moral é Ciro Gomes — o gladiador da retórica que, na prática, se esconde atrás da cortina esfarrapada do PDT.
Ora, vamos aos fatos. A fraude bilionária no INSS, investigada e desbaratada agora, começou lá atrás, quando Michel Temer ainda descia a rampa com a empáfia de quem achava que o Brasil era um cartório. A coisa continuou no governo Bolsonaro, e agora no governo Lula a PF, que finalmente tem liberdade para trabalhar, está revelando o tamanho do buraco. E adivinhe quem estava no comando do ministério que abrigava essa farra? O PDT. Mais precisamente, Carlos Lupi, presidente nacional do partido de Ciro.
E Ciro Gomes? Faz o que sabe fazer: vocifera contra Lula como se estivesse limpo de qualquer vínculo com a lama. Mas, espera aí, se há um culpado político a ser cobrado, não seria o presidente da legenda que ocupava a pasta? Ciro devia era estar cobrando Lupi, seu correligionário e camarada de sigla, ao invés de jogar pedra em quem não assinou contrato, não nomeou fraudador e, acima de tudo, não interferiu na investigação.
Se o ministro diz que não sabia e, a gente finge que acredita, o que dizer de Lula, que sequer era informado diretamente sobre os detalhes técnicos do INSS? Mas claro, é mais fácil mirar no presidente da República do que encarar a verdade inconveniente de que a sujeira se deu com a chave do PDT.
Aqui é preciso reconhecer: é justamente por Lula não meter o bedelho na PF que esses escândalos vêm à tona. Se fosse nos tempos de Sergio “PowerPoint” Moro ou dos gabinetes paralelos da Lava Jato, esse caso viraria jogo de cena para encobrir outras tramoias. Hoje, a PF trabalha com autonomia, e isso é mérito direto do governo atual.
Lula não foi lá na sede da PF tentar blindar ninguém. Não ligou pra delegado. Não escondeu inquérito debaixo do tapete. Isso, num país onde a impunidade é regra, já é um avanço civilizatório.
Ciro, no entanto, parece ter feito da cara de pau uma estratégia de sobrevivência política. Em vez de refletir sobre a omissão de seu partido, prefere vestir a fantasia de justiceiro e atacar Lula com frases prontas e indignação de ocasião.
O que o Brasil precisa é de coerência. E quem quer se apresentar como alternativa de poder tem que começar arrumando a casa.
Se a Polícia Federal chegou até essa quadrilha, é porque o governo atual não está obstruindo a justiça. E se Carlos Lupi não sabia de nada, talvez Ciro devesse primeiro perguntar em casa o que aconteceu, antes de sair gritando na rua.