Hugo Motta quis bancar o equilibrista no picadeiro político paraibano e nacional. No início, parecia uma jogada de mestre: prometer à esquerda um certo alinhamento, sussurrar à direita promessas de governabilidade e dar tapinha nas costas de todo mundo, como se pudesse ser tudo, para todos, ao mesmo tempo. Só que a conta chegou. E, como se sabe, a conta da política vem com juros de cobrança moral e capital de desgaste.
Hoje, Motta se vê encurralado — pressionado pelos que se dizem seus aliados e cobrado pelos que nunca confiaram de verdade. Nenhum lado se sente plenamente contemplado. E a verdade é que Hugo não tem estofo nem articulação para sustentar o tamanho da cadeira que ocupa.
O drama atual é simples: o deputado-presidente não consegue cumprir os acordos que firmou. E não porque falte vontade — falta traquejo, autoridade e, sobretudo, direção. Assumiu o cargo achando que bastava sentar na cadeira para que os outros o respeitassem. Esqueceu que, em política, respeito não se exige — se conquista.
A pressão que vem dos dois lados do espectro político está minando qualquer tentativa de estabilidade. Motta tenta apagar incêndios com baldes furados, e enquanto corre de um lado para o outro, o plenário pega fogo.
A crise com o Supremo: erro de principiante
Como se não bastasse a desorganização interna, Motta resolveu comprar uma briga desnecessária com o Supremo Tribunal Federal, uma jogada arriscada que só aumentou a temperatura da crise. Em vez de buscar diálogo e contenção, preferiu o confronto vazio. Resultado? Isolamento institucional e mais um desgaste para sua já frágil liderança.
A esta altura do campeonato, há uma alternativa honrosa: renunciar. Antes que o mandato vire um fardo insuportável para ele e para o colegiado que preside. Não é questão de fraqueza, mas de prudência. Ao insistir em manter-se no posto sem condições de governabilidade, Motta arrisca arrastar consigo a credibilidade da instituição e aprofundar ainda mais a crise de representação.
Hugo Motta prometeu demais, calculou de menos e hoje paga o preço da própria ambição. Não há como governar sem rumo e, infelizmente, seu mandato perdeu a bússola.