Hugo Motta, deputado federal pelo Republicanos da Paraíba, resolveu comprar uma briga. E não é com qualquer um: é com o Supremo Tribunal Federal.
Abriu a temporada de discursos inflamados contra a Corte, espalhando ares de valentia e como se quisesse passar à história como o novo herói da resistência. A pergunta que não cala é: em nome de quem, deputado?
Atacar o STF, ainda mais jogando a classe política contra ele, é acender um pavio perigoso num barril que já fede a pólvora institucional. E o deputado paraibano parece querer acender esse fósforo com gosto, como quem quer marcar território, ou holofote.
Uma cruzada solitária
Diz Hugo Motta que o Supremo tem se excedido, que há ativismo, que o Congresso é diminuído. Muito bem. Isso é um debate legítimo. Mas precisa ser feito com a responsabilidade de quem conhece o peso das instituições e o risco de colocá-las em rota de colisão. Ao preferir o microfone em vez do diálogo, Motta se apresenta como o porta-voz de uma “causa”. Mas qual? A do equilíbrio entre poderes ou a do populismo de ocasião?
Mais do que isso: quem está com ele nessa jornada? Porque, até agora, não se viu uma fileira de parlamentares engrossando essa cruzada. Ele brada, mas brada só. Vai mesmo arcar sozinho com o ônus de puxar um conflito institucional?
Mas isso cobra preço. A democracia brasileira, por mais remendada que seja, ainda é sustentada por pilares. Um deles é o respeito aos poderes, mesmo quando se discorda deles. Quando se tenta deslegitimar o STF como estratégia política, quem perde não é o tribunal. É o equilíbrio que sustenta nossa frágil institucionalidade.
Paraíba não precisa de pirotecnia
A Paraíba precisa de deputados que briguem por obras, verbas, educação, saúde. Que enfrentem o governo federal quando ele for omisso com o estado. O que ela não precisa é de pirotecnia institucional. O povo paraibano não come impeachment nem se cura com embate de vaidades.
Hugo Motta pode até achar que saiu na frente. Mas, por enquanto, parece mais um piloto sem copiloto, dirigindo um carro em direção ao paredão — com a bandeira da democracia tremulando no retrovisor. Só espero que, ao bater, não leve o Brasil junto.