Lula critica Eduardo Bolsonaro.
Créditos: Reprodução de vídeo
Por Julinho Bittencourt
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas nesta terça-feira (3) à postura do governo dos Estados Unidos e, especialmente, ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está licenciado do cargo e em viagem ao país norte-americano para articular sanções contra autoridades brasileiras.
Durante entrevista à imprensa, Lula classificou como "inadmissível" a tentativa de autoridades estrangeiras influenciarem decisões da Suprema Corte brasileira e disse que a atitude de Eduardo Bolsonaro é “antipatriótica” e “terrorista”.
“O que é lamentável é que um deputado brasileiro, filho do ex-presidente, está lá a convocar os Estados Unidos a se meter na política externa do Brasil. Isso é grave. É uma prática terrorista, uma prática antipatriótica”, afirmou Lula.
Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde o fim de maio e tem se reunido com políticos ligados ao ex-presidente Donald Trump. O deputado pede que o governo americano sancione membros do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente o ministro Alexandre de Moraes, por suposta censura a usuários de redes sociais. O caso já é alvo de um inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República.
Lamber as botas
Lula criticou o que considera um movimento de submissão política. “O cidadão que é deputado pede licença do seu mandato para ficar tentando lamber as botas do Trump e de assessores do Trump, pedindo intervenção na política brasileira. Não é possível aceitar isso”, disse.
O presidente também aproveitou para repreender o posicionamento recente do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que enviou um ofício ao Ministério da Justiça brasileiro questionando decisões judiciais que resultaram no bloqueio de redes sociais americanas no Brasil. Segundo o governo brasileiro, o documento tem caráter meramente informativo e não implicará em ações concretas.
“Eu acho que os Estados Unidos precisam compreender que o respeito à integridade das instituições de outros países é muito importante. Porque nós achamos que um país não pode ficar se intrometendo na vida do outro, querendo punir um outro país. Isso não tem cabimento”, declarou Lula.
O presidente ainda condenou publicamente o secretário de Estado americano, Marco Rubio, que anunciou na semana passada a possibilidade de impor restrições de visto a autoridades estrangeiras acusadas de “censurar americanos”. Sem citar nomes, Rubio sugeriu que o ministro Alexandre de Moraes poderia ser um dos alvos da medida.
Lula reagiu com ironia
“Que história é essa de os Estados Unidos querer negar alguma coisa e criticar a Justiça brasileira? Eu nunca critiquei a Justiça deles. Eles fazem tanta barbaridade, tanta guerra, matam tanta gente. Por que vão querer criticar o Brasil?”
Nos bastidores, a troca de sinais diplomáticos tem gerado desconforto. Fontes do Itamaraty classificam o ofício americano como "atípico", sobretudo por não ter passado pela embaixada dos EUA em Brasília e ter sido enviado diretamente do Departamento de Justiça ao Ministério da Justiça brasileiro.
Enquanto isso, o governo brasileiro reforça que defenderá o Supremo Tribunal Federal e, em especial, o ministro Alexandre de Moraes, que Lula vê como alvo de uma campanha internacional de deslegitimação. “O Brasil vai defender não só o seu ministro, mas a sua Suprema Corte”, garantiu o presidente.
Lula chama Eduardo Bolsonaro de lambe botas do Trump, olha essa joelhada voadora. pic.twitter.com/ZSRtr5U8rw
— GugaNoblat (@GugaNoblat) June 3, 2025