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Por Basílio Carneiro: Zema e Tarcísio prometem indulto a Bolsonaro, mas estão mentindo: é ilusão para enganar o bolsonarismo órfão

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), declarou que concederia indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, caso eleito presidente em 2026.

05/06/2025 às 06h23 Atualizada em 05/06/2025 às 18h24
Por: Redação Fonte: FolhadaPB/BasílioCarneiro
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Foto: Reprodução
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Por Basílio Carneiro

Não parou por aí: relativizou os crimes e violações da ditadura militar, elogiou o modelo de segurança de Nayib Bukele, presidente de El Salvador, e ainda referendou as políticas ultraliberais de Javier Milei, na Argentina. Na mesma toada, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também prometeu: se for eleito, indultaria Bolsonaro.

Mas calma lá. Eles estão mentindo.

O indulto não se aplica nesse caso
O indulto presidencial é um instrumento jurídico previsto na Constituição, mas que só se aplica a condenações criminais transitadas em julgado, ou seja, com decisão definitiva, sem possibilidade de recurso. Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) já deixou claro, em precedentes recentes, que o indulto não pode ser usado para perdoar crimes contra o Estado Democrático de Direito, como o golpe de 8 de janeiro.

O caso de Bolsonaro não é uma simples condenação criminal: trata-se de um político declarado inelegível pela Justiça Eleitoral, por ter atentado contra o sistema democrático e a lisura das eleições. A inelegibilidade não se anula com indulto — é uma sanção civil-eleitoral, fora do alcance do perdão presidencial.

Além disso, mesmo que Bolsonaro venha a ser condenado criminalmente pelos processos que responde (como no caso das joias, da fraude nos cartões de vacina ou pela tentativa golpista), qualquer indulto só poderia ser concedido após o trânsito em julgado, o que não deve ocorrer antes de 2026.

Zema e Tarcísio disputam o espólio do bolsonarismo
O que está em curso é uma disputa aberta pela herança política do bolsonarismo. Sem rumo desde a inelegibilidade de Bolsonaro, a base mais radical da direita brasileira se vê órfã. É esse público que Zema e Tarcísio tentam seduzir, prometendo bravatas impossíveis, relativizando a ditadura militar e elogiando líderes autoritários mundo afora.

Zema quer mostrar que pode ser o "Bolsonaro das Gerais", mas com fala mansa e sotaque mineiro. Tarcísio, por sua vez, quer mostrar que pode ser o sucessor natural, com aval simbólico do próprio Bolsonaro, enquanto governa São Paulo com discurso de eficiência e segurança.

Ambos sabem que o bolsonarismo ainda é uma força política robusta — mas também sabem que, para mantê-la coesa, precisam vender uma ilusão: a de que Bolsonaro ainda pode escapar, voltar ou ser perdoado. Não pode.

Mentiras que alimentam a extrema direita
A promessa de indulto é, portanto, uma mentira política, criada para enganar a base bolsonarista e mantê-la mobilizada para 2026. Mais do que isso: ao relativizar a ditadura e elogiar regimes autoritários, Zema e Tarcísio sinalizam que não têm compromisso real com a democracia. Querem o poder, custe o que custar, mesmo que seja à base da mentira.

O bolsonarismo está sem rumo, mas a democracia brasileira precisa estar atenta: as estratégias autoritárias continuam sendo reproduzidas, agora com outros rostos e sotaques.

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