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Por Basílio Carneiro: Enquanto a direita evangeliza, a esquerda teoriza

Enquanto a esquerda marca reuniões e escreve manifestos, a extrema direita ocupa corações, mentes e algoritmos. É preciso disputar a linguagem, ou perderemos a guerra.

08/06/2025 às 12h49 Atualizada em 10/06/2025 às 04h42
Por: Redação Fonte: FolhadaPB/BasílioCarneiro
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Foto: Reprodução
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A esquerda brasileira sofre de um mal antigo, mas com roupagem nova: o prurido de parecer moderna. Tem vergonha de parecer popular demais, de falar a língua do povo, de descer do palanque acadêmico e se misturar com quem realmente importa.

Acha que basta marcar uma reunião. Ou melhor, fazer uma reunião pra marcar outra. Tudo muito organizado, muito teórico, muito bem-intencionado... e completamente ineficaz.

Enquanto isso, os evangélicos evangelizam – com estratégia e algoritmo

Enquanto a esquerda debate no Zoom, o bolsonarismo já fez meme, cultinho online, vídeo de TikTok e grupo de WhatsApp com mensagem pronta. 

Os evangélicos entenderam antes de todo mundo que comunicação não é sobre estar certo, é sobre ser ouvido. E eles foram. E continuam sendo. Se a esquerda não fizer o mesmo, com propósito, com ética, com clareza, , vai continuar pregando pra convertidos num templo vazio.

Não é preciso imitar o inimigo, mas é urgente disputar o campo onde ele se fortalece. A linguagem tem que ser simples. A mensagem, direta. A tecnologia, aliada. O povo quer ser ouvido, não doutrinado. 

A extrema direita entorpece com discursos de costume, moralismo barato e promessas de ordem. É um conto do vigário moderno, vendido com filtro de Instagram. Mas funciona. Funciona porque é mastigado. Porque fala ao coração. Porque parece resposta, mesmo sendo só engodo.

É assim que Trump se tornou fenômeno mundial. O problema nunca é só o discurso,  é quem consegue fazê-lo chegar antes.

A esquerda precisa parar de se apaixonar pelas próprias palavras e começar a apaixonar os outros pela ideia de justiça, igualdade e solidariedade. Isso só se faz quando se fala a língua do povo. Se não fizer, alguém com intenções bem piores vai continuar falando por ela.

E vai ser tarde demais.

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