Adriano Galdino não está normal. E isso não é uma observação clínica, é política.
Todos os dias, uma fala. Todos os dias, uma nova versão de si mesmo — candidato, cabo eleitoral, crítico, visionário. Fica difícil acompanhar. Parece uma novela ruim que muda de roteirista a cada capítulo.
Primeiro, Galdino resolveu dar o salto mortal sem rede: se lançou candidato a governador. Assim, sem combinar com o partido, sem consultar a base, sem ao menos medir a temperatura da água.
Foi direto. Parecia mais um rompante de vaidade do que uma estratégia política.
Aí, numa guinada repentina (como quem troca de camisa no meio do comício), lançou Hugo Motta. Disse que era ele o nome. O salvador. O novo. E, como se nada tivesse acontecido no dia anterior, voltou a dizer que, na verdade, o candidato ideal era... ele mesmo. Outra vez.
Essa ciranda de declarações, no mínimo, confunde. No máximo, beira o folclórico. A política paraibana já tem seus personagens caricatos, mas Galdino parece empenhado em garantir uma cadeira cativa na ala dos excêntricos.
Fica a pergunta: o que Galdino quer de verdade? Ser candidato? Ser notado? Ou apenas tumultuar o jogo para forçar algum protagonismo? Porque até agora, a única certeza é que ele fala muito — e com cada vez menos clareza.
A impressão é que estamos diante de um político que não aceita o papel que lhe cabe e tenta, a todo custo, ser protagonista de uma peça que não escreveu. O problema é que, em política, excesso de fala sem sustentação vira ruído. E ruído, como se sabe, não elege ninguém.
Galdino precisa escolher: ou volta ao prumo e fala com responsabilidade, ou continuará fazendo da própria imagem um meme itinerante da política paraibana.