Por Basílio Carneiro
Em tempos de tanta encenação política, às vezes um vídeo vale mais que mil discursos. Circulam por aí imagens que dizem muito sobre dois ex-presidentes do Brasil e como eles se comportam diante do poder, da justiça e da verdade.
De um lado, Luiz Inácio Lula da Silva. Perseguido, condenado e preso em um processo recheado de dúvidas e arbitrariedades, nunca se viu Lula subir num palanque para atacar o Supremo Tribunal Federal, nem para xingar ministros, mesmo quando sua liberdade estava em jogo. Quem o viu nos depoimentos da Lava Jato, frente a frente com seus algozes, testemunhou um homem que, mesmo indignado, manteve a compostura. Pode-se criticar Lula por muitas coisas, mas sua postura institucional em momentos críticos foi firme, sem cair na tentação do ataque pessoal ou da desmoralização das instituições.
Do outro lado, Jair Bolsonaro. Fora do Planalto, mas nunca fora do palanque, faz da crítica ao Judiciário seu espetáculo favorito. Ataca ministros com nome e sobrenome, incita desobediência, e transforma cerimônias oficiais em comícios recheados de insinuações golpistas. Mas quando está frente a frente com os mesmos ministros ou em audiências oficiais, o tom muda. Sai o valentão, entra o manso. O silêncio se impõe. A retórica feroz vira sussurro.
É exatamente aí que mora a diferença. Lula encarou a Justiça de cabeça erguida, mesmo quando o jogo parecia estar marcado. Bolsonaro, por sua vez, prefere agredir de longe e recuar quando a responsabilidade bate à porta. O primeiro teve coragem; o segundo, roteiro.
Mais do que estilos, são visões de mundo. Um respeita, ainda que critique. O outro desrespeita, ainda que tema. Os vídeos não mentem. Eles revelam. E, nesse caso, a diferença é gritante.