.POR TATIANA CARLOTTI
A Fatoflix acaba de ganhar uma aliada de peso: a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Uma parceria que tem como objetivo fortalecer a formação cultural e política, impulsionar o pensamento crítico e estimular o debate nas bases sindicais e populares.
Para a Secretária Nacional de Comunicação da CUT, Maria Faria, a parceria com a Fatoflix é estratégica. “Essa plataforma é mais que entretenimento. É uma ferramenta potente de disputa simbólica, formação crítica e fortalecimento das nossas narrativas. Vamos utilizar esse espaço para enfrentar a desinformação e os discursos de ódio que tomaram conta das redes”, afirmou.
A parceria permitirá à central sindical ter não apenas acesso ao conteúdo, mas autonomia para criar suas próprias curadorias, promover cineclubes, debates e rodas de conversa, tanto presenciais quanto virtuais. “Nosso objetivo é que a Fatoflix não seja só uma vitrine de filmes, mas um espaço de articulação, formação e mobilização social”, explicou o jornalista Carlos Tibúrcio, idealizador e diretor da plataforma.
Lançada em agosto de 2024, com um acervo que já soma 200 títulos — entre filmes, séries, curtas e médias-metragens – a Fatoflix se organiza em mostras temáticas que acompanham a conjuntura política e social do país.
Na plataforma, estão mostras como: Mundo do Trabalho, Meio Ambiente Já – Rumo à COP30, Cidades e Cidadania, Comunicação e Cinema, Geopolítica em Foco, Direitos Humanos e Memória, Economia Pé no Chão e Seleção de Clássicos, entre outras.
Para julho, duas mostras estão previstas: uma em apoio ao Plebiscito Popular, que discute temas como a redução da jornada de trabalho e a isenção do imposto de renda para salários de até R$ 5 mil; e outra voltada para a Cúpula do BRICS; em seguida, virá mostra especial desenvolvida com o movimento Sementes da Esperança, que se dedica à organização popular e à formação de núcleos de base em todo o Brasil.
O Brasil em 15 minutos
Na mostra Mundo do Trabalho, por exemplo, é possível encontrar o curta Domésticas, do cineasta Felipe Diniz, professor e doutor em Comunicação pela UFRGS. Lançado em 2016, um ano após aprovação da Lei 150/2015, conhecida como Lei das Domésticas, aprovada durante o governo Dilma Rousseff, o documentário reúne três trabalhadoras domésticas – Creusa Maria Oliveira, Marilisa Bier e Djanira Correa – para contar suas trajetórias, aprendizagens, direitos e sonhos.
Creusa, presidente da Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD) traz um depoimento forte sobre os direitos das trabalhadoras domésticas no país. “A sociedade diz que o trabalho doméstico não gera lucro pro patrão, mas a gente gera saúde, educação, limpeza, bem-estar”, afirma.
Marilisa, que entrou na profissão após se separar do marido, comemora a aprovação da lei. “Muitas trabalhavam sem carteira assinada e na hora de comprovar tempo de trabalho para a aposentadoria, não tinha como”.
Djanira, que começou a trabalhar aos nove anos de idade, após a morte do pai, sintetiza: “eu conheço gente que gasta R$ 500 numa coleira para cachorro com pedra, e não quer pagar o INSS”.
Um retrato do Brasil em 15 minutos. O curta é fruto do projeto Trabalho Doméstico: construindo igualdade no Brasil, uma parceria da ONU Mulheres, do Fundo das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero, Themis e Fundo Elas.
Tatiana Carlotti
Repórter do Fórum 21 desde 2022, com passagem por Carta Maior (2014-2021) e Blog Zé Dirceu (2006-2013). Tem doutorado em Semiótica (USP) e mestrado em Crítica Literária (PUC-SP).
