Por Basílio Carneiro
Se existe um sobrenome que domina a política de Patos, no Sertão da Paraíba, é o Motta. E não é de hoje. Desde os anos 1950, a família coleciona mandatos, cargos e, claro, polêmicas.
Prisões, afastamentos e investigações
Em 2016, a Polícia Federal bateu à porta da família. Illana Motta, mãe de Hugo Motta – que hoje comanda a Câmara dos Deputados –, foi presa preventivamente. A avó, Francisca Motta, na época prefeita de Patos, foi afastada do cargo.
O motivo? Fraudes em contratos públicos, desvios de verbas federais e superfaturamento de serviços. O rombo? Mais de R$ 11 milhões, dinheiro que deveria ter sido investido em saúde, educação e transporte escolar.
O clã no poder
Illana era chefe de gabinete da própria mãe, a prefeita. O pai de Hugo, Nabor Wanderley Filho, também tem currículo extenso. Foi prefeito de Patos e, em 2013, condenado por improbidade administrativa. Mesmo com a condenação, Nabor recorreu e, vejam só, em 2024 voltou ao cargo de prefeito da cidade.
Pra completar o enredo, o avô de Hugo, Nabor Wanderley (o avô mesmo, o da década de 1950), também já foi prefeito. É o tipo de tradição familiar que vai passando de geração em geração.
Propina, empresa de fachada e delação
Como se não bastasse, em 2016 veio à tona uma delação bombástica. O empresário José Aloysio, dono de uma construtora, revelou um esquema de propina que, segundo ele, envolvia o pai de Hugo, a mãe, a avó e até o próprio deputado.
A jogada era simples: superfaturar obras de terraplanagem e desviar 10% do valor para o grupo político da família. O delator citou até o uso de empresas de fachada para esquentar os contratos.
Um retrato da política brasileira
Enquanto isso, Hugo Motta segue em Brasília, comanda a Câmara e se apresenta como um político de renovação. Mas as raízes do clã continuam fincadas nas velhas práticas da política interiorana.
A Grande Família de Patos segue fazendo história. Só não é exatamente o tipo de história que o povo gostaria de contar.